Discurso do Acadêmico Antônio Manoel, o Biéli, saudando a Ivo Silveira.

Discurso do Acadêmico Antônio Manoel da Silva, Titular da Cadeira nº 17 da Academia de Letras de Palhoça, saudando a Ivo Silveira, na Sessão Solene de Entrega do Prêmio Ivo Silveira de Cultura, realizada no dia 30 de maio de 2019, às 20h00min, no Plenário da Câmara Municipal de Palhoça – Santa Catarina.

 

Ilustríssima Presidente da Academia de Letras de Palhoça, senhora Sonia Ripoll, em cujo nome torno extensiva a saudação às demais autoridades e personalidades presentes neste recinto.

Inicio esta alocução com um pensamento de Aristóteles:

 “A grandeza não consiste em receber honras, mas em merecê-las.”

O prêmio Ivo Silveira de Cultura foi criado nesta Casa legislativa pela Lei nº 3.293, de 19 de maio de 2010, e sancionada pelo Prefeito Ronério Heiderscheidt, visando reconhecer e premiar uma personalidade no âmbito municipal, que tenha prestado reconhecido serviço de cunho literário e cultural.

A Comenda destaca o nome do ilustre filho desta terra, Ivo Silveira, que ocupou, por quatro anos, a Cadeira nº 7 da Academia de Letras de Palhoça, além de outros cargos públicos de grande relevância, dentre os quais, o de Governador do Estado de Santa Catarina.

Coube a mim, a gratificante tarefa de estar aqui esta noite, diante de tão seleta plateia, para proferir justa e merecida saudação a um nobre Confrade deste Sodalício, a este ilustre cidadão palhocense, que nos deixou como legado uma inolvidável personalidade pública e acadêmica, tanto no âmbito municipal quanto no estadual, e porque não dizer, no nacional?

Ivo Silveira, a quem tive a grata satisfação de conhecer, foi um cidadão de ilibada reputação política e social, sempre envolto nos assuntos de extremo interesse do seu município e de sua gente. Quem viveu os seus dias e acompanhou a sua trajetória política, é testemunha ocular do quão estimado e respeitado era perante o seu eleitorado, sobretudo o palhocense. Até mesmo seus adversários políticos nutriam respeito e admiração por ele.

Além de sua invejável habilidade política e inteligência, Ivo Silveira tinha como característica determinante a sensibilidade no trato com as pessoas. Era homem culto, mas de conduta humilde, coerente, respeitosa e honesta.

Exímio conciliador e articulador político, foi um hábil costurador de acordos, de modo ponderado e sensato, naqueles longínquos e cinzentos anos de 1960, num período obscuro e turbulento da história catarinense.

Ivo da Silveira, ou simplesmente, Ivo Silveira, nome que adotara para a vida pública, nasceu no dia 26 de março de 1918, no Município de Palhoça. É filho do funcionário público Vicente Silveira de Souza Júnior. Sua mãe chamava-se Lídia Sanceverino Silveira. Casou-se com Zilda Luchi Silveira, com quem teve quatro filhos: Ivo, Elisabeth, Renato e Carlos Roberto.

Iniciou o estudo primário na Escola Complementar Venceslau Bueno, no Centro de Palhoça, formando-se no ano de 1934. O curso secundário estudou, parte na escola Normal Regional, em Palhoça, e parte no Colégio Catarinense, em Florianópolis, onde conquistou a formatura. Em 23 de dezembro de 1945, formou-se Advogado pela concorrida Faculdade de Direito de Santa Catarina.

A carreira pública de Ivo Silveira foi ornada de inúmeros e importantes cargos, todos assumidos com abnegação e responsabilidade. Deste rol, destaca-se o de Promotor Público, em 1940, quando foi nomeado pelo então Interventor Federal, Nereu Ramos; o de Prefeito de Palhoça, assumidos por duas vezes: uma por nomeação de Nereu Ramos, no ano de 1946, outra conquistada pelo voto, nas eleições de 1947. Permaneceu no cargo até 1950, quando se candidatou e venceu as eleições para deputado estadual. Reelegeu-se por três vezes consecutivas, 1954, 1958 e 1962.

Mas o auge da carreira de Ivo Silveira aconteceu no ano de 1965, nas eleições de 3 de outubro, quando, com a maior votação da história em eleição majoritária de Santa Catarina, foi eleito governador do Estado com mais de 340 mil votos. Ele foi o último governador eleito dentro do sistema do Regime Militar, que se instalou no Brasil em 1964. Governou o Estado de 1966 a 1971.

Em 20 anos de trajetória política, só perdeu uma eleição, a de 1974, para o Senado Federal, na disputa da vaga para o adversário político, Evilásio Vieira, do antigo MDB.

Após 25 anos de afastamento da vida pública, morreria na madrugada de 2 de agosto de 2007.

Elencar aqui suas obras seria extremamente entediante e prolixo, uma vez que já é do conhecimento público os grandes feitos por ele realizado, durante o exercício da vida pública. Todavia, é oportuno e relevante destacar que um dos pilares de sua gestão como Governador de Santa Catarina, foi a expansão da rede elétrica, por meio de investimentos nas linhas alimentadoras e reformas na distribuição, e das redes de distribuição até o interior do Estado.

Fato absolutamente indelével trago na memória, quando ainda menino, pude ver o Dr. Ivo Silveira, como era conhecido pelo povo palhocense, erguendo a chave que, historicamente, ligaria e inauguraria a energia elétrica na comunidade do Furadinho, minha terra natal. Este fato, de imensurável repercussão em todos os segmentos da pequena localidade, aconteceu no dia 21 de maio de 1967.

Outros grandes feitos do seu governo foram: a construção da Avenida Rubens de Arruda Ramos, (Beira-mar Norte), em Florianópolis; o início das obras da ponte Colombo Machado Salles, na Capital: o lançamento da pedra fundamental do Palácio Barriga Verde - Sede da Assembleia Legislativa de Santa Catarina; e a elaboração do Plano Estadual de Educação.

Sua carreira pública foi coroada com distinta pluralidade de títulos e honrarias. Possui 49 títulos de Cidadão Honorário concedidos por municípios de todas as regiões do Estado e 26 diplomas de Sócio Benemérito, Honra ao Mérito, entre outros. Também recebeu a Medalha Anita Garibaldi (categoria ouro); a Medalha do Mérito da Academia Catarinense de Letras; e a Medalha do Pacificador.

No dia 26 de março de 2018, por ocasião do centenário de nascimento de Ivo Silveira, a Assembleia Legislativa de Santa Catarina prestou belíssima homenagem a este ilustre político e homem público palhocense e catarinense, com o lançamento da biografia do ex-governador, de autoria de Celestino Sachet, intitulado, Ivo Silveira: Passos do Estadista.

Da Tribuna, a Deputada Dirce Heiderscheidt proferiu Inflamado discurso em favor do seu conterrâneo, destacando:

 “Quando um homem é lembrado depois de sua morte, quando sua família e amigos vêm a esta Casa, a Assembleia Legislativa, para reverenciar sua memória no dia em que se comemora o centenário do seu nascimento, é porque deixou um caminho de fé no futuro, pavimentado por atos e gestos que marcaram as pessoas que o conheceram”.

Por fim, diante dos fatos e argumentos expostos acerca de Ivo Silveira, encerro minha fala com a célebre frase dita por Thomas Jefferson – ex-presidente americano, que acredito ser deveras condizente com a conduta e o caráter deste que foi um notável cidadão palhocense.

”Quando um homem assume uma função pública, deve considerar-se propriedade do público.”

Muito Obrigado!


Imprimir