Panegírico


Panegírico em louvor a Tatiana Belinky - 18/03/1919 - 15/06/2013.

Por: Vera Regina da Silva de Barcellos.

Apresentado no dia 30 de julho de 2019, às 15h00min, na Sede da ALP - Palhoça - SC.

 

Porta Retrato com as fotografias da escritora Tatiana Belinky que se encontram no home office da escritora Vera De Barcellos e no seu acervo particular na Academia de Letras de Palhoça.

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A grande escritora de obras infanto-juvenil, Tatiana Belinky

Em 2015, quando a Presidente da Academia de Letras de Palhoça, escritora Sonia Ripoll me convidou para fazer parte desta ilustre Casa Literária, fiquei radiante.

Especialmente quando me comunicou da possibilidade de escolher o meu patrono para a cadeira 19, confesso que fiquei em dúvida, qual o patrono a ocupar esta nobre cadeira literária

Passei dias buscando. Pois gostaria de apresentar também a minha experiência profissional, como professora em Educação Especial, como Teóloga, escritora, como artista plástica, como compositora musical.

 Bem, como tenho predileção por escritores, segue a minha especial admiração pela escritora de obras infantil, Tatiana Belinky (1919-2013) que no decorrer de sua caminhada como escritora, manteve mais de 250 obras literárias espalhadas em todos o território do nosso Brasil.  

Tatiana é minha patrona na cadeira 19 da Academia de Letras de Palhoça da qual muito me orgulho e no qual me espelho.

Tatiana Belinky foi uma escritora de literatura infanto-juvenil, foi roteirista e tradutora de grandes obras russas e a responsável pela primeira adaptação para a televisão de O Sítio do Pica-pau Amarelo.

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Tatiana Belinky (1919-2013) nasceu em São Petersburgo, na Rússia, no dia 18 de março de 1919. Desde pequena assistia a peças infantis com os pais. Fugindo da guerra civil na então União Soviética, sua família veio para o Brasil em setembro de 1929, fixando residência em São Paulo. Estudou no colégio Presbiteriano Mackenzie. Nessa época já brincava de teatro. Com 18 anos concluiu o curso comercial, naturalizada brasileira, começou a trabalhar como secretária bilíngue e taquígrafa.

            Em 1939, ingressou no curso de Filosofia da Faculdade São Bento, porém não concluiu o curso. Em 1940 casou-se com o médico e educador Júlio Gouveia. Com a morte do pai, Tatiana assumiu os negócios da família trabalhando como representante de produtos de celulose em fábricas de papel.

            A partir de 1948, o casal, que já havia montado o grupo “Teatro Escola de São Paulo (TESP)”, foi convidado por uma sociedade beneficente presidida por amigos da família e com o apoio da Secretaria de Cultura da Prefeitura de São Paulo passa a fazer apresentações em diversos teatros da capital, parceria que durou quase três anos.

Em 1951 o grupo é convidado para se apresentar na TV Paulista. Tatiana Belinky foi a responsável pela popularização da obra de Monteiro Lobato, tendo apresentado “A Pílula Falante” e “O Casamento de Emília” com grande sucesso. No ano seguinte foi convidada pela TV Tupi, onde o TESP levou ao ar o programa “Fábulas Animadas”. Fez a primeira adaptação para a televisão de “O Sítio do Pica-pau Amarelo”, com cerca de 350 episódios. Fez roteiros também para o programa “Teatro da Juventude”.

Ao deixar a televisão Tatiana Belinky passou a ser a responsável pela organização do setor infanto-juvenil da Comissão Estadual de Teatro. Durante sete anos, de 1972 a 1979, passou a escrever para colunas semanais sobre teatro e literatura infantil para vários jornais de São Paulo, entre eles, a Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo e O Jornal da Tarde.

 Na década de 80, a autora se tornou crítica de peças infantis da Folhinha, caderno infantil do Jornal “A Folha de S. Paulo”. Lá, em 1983, publicou o seu primeiro conto, “‘Quem casa quer casa”, sobre o amor de um caramujo e uma lesma

Em 1984, publicou “Teatro da Juventude”, que reúne suas adaptações para o teatro. Em 1985 publicou suas primeiras obras autorais “A Operação Tio Onofre” e “Medroso! Medroso!”. É autora de mais de 250 títulos de literatura infanto-juvenil. Traduziu grandes autores russos, como Anton Tchekhov e Leon Tolstoi. Fez a adaptação de clássicos da literatura como por exemplo “Alice no País das Maravilhas”.

“Assim como outros grandes escritores infanto-juvenis, Belinky considerava a criança um ser humano inteligente, sensível, capaz de aprender e se desenvolver, o que se traduzia na sua escrita e na sua obra”, descreve a doutora em educação e docente da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Marta Chaves. “Um exemplo é a sua tradução dos poemas do grande dramaturgo alemão, Bertolt Brecht, para esse público.”

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Finalmente, em 1985, ela desponta como escritora de livros, colaborando em uma série infanto-juvenil. Em 1987 o primeiro livro, "Limeriques", pela editora FTD, baseando-se nos limericks irlandeses. A partir dessa publicação, Tatiana passa a trabalhar fervorosamente sobre novas criações, chegando a escrever mais de cem obras. Suas publicações são acompanhadas por vários prêmios literários, entre eles o célebre Prêmio Jabuti, recebido em 1989.

De sua vasta obra, destacam-se "Coral dos Bichos", "Limeriques", "O Grande Rabanete", "Diversos russos", "Limerique das Coisas Boas", dentre outros. A autora ultimamente publicava livros de crônicas e memórias.

Tatiana Belinky recebeu importantes prêmios, entre eles, o Prêmio Jabuti, em 1994, com o livro "A Saga de Siegfried" e o Prêmio Fundação Nacional do Livro Infanto e Juvenil, 2003, categoria poesia, com o livro "Um Caldeirão de Poemas". Em 2009 foi eleita para a cadeira nº 25 da Academia Paulista de Letras. De sua vasta obra destacam-se “O Caso dos Bolinhos”, “O Grande Rabanete”, “Tatu na Casca”, “Coral dos Bichos”, “Saladinha de Queixas”, “Olhos de Ver”, “Transplante de Meninas” e “O Livro das Tatianices”.

Tatiana Belinky faleceu aos 94 em São Paulo, no dia 15 de junho de 2013 como

um dos principais nomes da literatura infanto-juvenil brasileira. Tatiana Belinky completaria cem e um anos de idade em 18 de março de 2020.

Para os educadores que desejam apresentar a autora aos seus alunos é indicado o livro “O grande rabanete” como pretexto para se trabalhar a empatia e a ideia de conhecer quem é diferente. “É uma história que fala sobre a solidariedade de forma saborosa e divertida, como a arte deve ser.”

Já “Saladinha de Queixas” é uma oportunidade de abordar a ética nas relações. “No texto, os vegetais se queixam de injustiças, como o fato de os humanos usarem seus nomes para brigar uns com os outros. Ele ajuda a criança a pensar em situações parecidas presentes no coletivo e se há uma forma certa de se referir ao outro, sobre como ter uma conduta adequada

Outros títulos também merecem destaque no legado da escritora, como “O caso do bolinho”, “A galinha apressada” e “A cesta de dona Maricota”. Apesar da maioria das obras serem voltadas para os primeiros anos do ensino fundamental, Chaves os recomenda também para crianças e jovens das outras etapas. “Dependendo da atividade, é possível trazer um livro ou um conto até para o ensino médio. Muitos dos textos estimulam o estudante a ter apreço pelo conhecimento e vontade de modificar o coletivo”, pontua.

Tatiana não se sentia como uma tia ou avó, mas uma linda bruxinha que faz com que a mente infantil desabroche para os mistérios, para as histórias além da imaginação. O seu sonhos sempre foi usar chapéu pontudo, para fazer arte a vontade, desde pequena.

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Para os pequenos, a docente vê na produção de Tatiana Belinky uma primeira porta de entrada para se desenvolver o gosto pela leitura. “Os educadores poderão perceber a riqueza da elaboração literária, do vocabulário e das histórias. Com certeza, contribui para que o aluno dessa etapa desenvolva a atenção, a memória, a linguagem, a concentração e entenda que a literatura possui um outro ritmo, diferente das mídias e da tecnologia”, diz.

Até seu falecimento, em 2013, foram mais de 250 livros voltados exclusivamente para os pequenos.

Da vasta obra de Tatiana Belinky destacam-se:

  • O Caso dos Bolinhos (1990) - O Grande Rabanete (1990)
  • Saladinha de Queixas (1991) - Tatu na Casca (1995)
  • Sete Contos Russos (1995) - Dez Sacizinhos (1998)
  • Coral dos Bichos (2000) - Um Caldeirão de Poemas, 2 (2003)
  • A Operação do Tio Onofre (2008)  - O Espirro do Vulcão (2011)
  • O Espelho (2012)

Poema de Tatiana Belinky

"Ser criança é dureza-
Todo mundo manda em mim-
Se pergunto o motivo,
Me respondem "porque sim".

Isso é falta de respeito,
"Porque sim" não é resposta,
Atitude autoritária
Coisa que ninguém gosta!

Adulto deve explicar
Pra criança compreender
Esses "podes" e "não podes",
Pra aceitar sem se ofender!

Criança exige carinho,
E sim! Consideração!
Criança é gente, é pessoa,
Não bicho de estimação!"

Tatiana Belinky

Referência:“Assim foi a caminhada litero-cultural da maravilhosa escritora Tatiana Belinky, suas obras infanto-juvenil que tanto brilhou nos arquivos pedagógicos dos educandários brasileiro.” Vera De Barcellos.

Estadão.com.br (16 de junho de 2013). «Tatiana Belinky, autora de livros infanto-juvenis, morre aos 94 anos». Consultado em 16 de junho de 2013 

Gleiton Lentz e Andréia Guerini (26 de maio de 2005). «Tatiana Belinky».

DITRA - Dicionário de tradutores literários no Brasil, UFSC. Consultado em 1 de setembro de 2016 Julia Priolli (16 de março de 2012).

 «O livro é um objeto mágico». Revista Educar para Crescer, Ed. Abril. Consultado em 14 de fevereiro de 2013. Arquivado do original em 14 de outubro de 2012


Vídeo sobre Tatiana Belink: https://youtu.be/taKvlzyJ-8Y

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