Poesias

 À MORTE DO BALSEIRO
CANTO DE ADEUS!


Quando velaram o velho balseiro,
Alvo, esticado, pavio de cabelo,
Velas choravam na balsa de vê-lo,
Pose de tronco entre lata e largueiro.

CORAL 01          Castas viúvas estas velas
                             Improvisam castiçais,  

CORAL 02          São os pires caravelas
                             Navegando o nunca mais.

Olhos choravam a última enchente
E ele aguardava o ponto das águas
Para levar as suas últimas tábuas
Na enxurrada de reza e de gente.

CORAL 01          Castas viúvas estas rezas
                             Improvisam grandes ais

CORAL 02          É o rio que se retesa
                             Pra dizer que nunca mais.

Pobre Uruguai hoje em leito de usina,
Pior do que a morte é viver a tua sina!
Quem dera a enchente do velho parceiro

Corresse ao leito da tua agonia,
Para contigo prantear neste dia
Aqueles tempos dos guapos balseiros!

CORAL 01          Pobre Uruguai hoje em leito de usina
CORAL 02          Vela por ele infeliz medicina

CORAL 01          Pobre Uruguai hoje em leito de usina
CORAL 02          Antes a morte a viver a sua sina

CORAL 01 e 02 Vamos ao leito da sua agonia
                             Vamos com ele prantear  este dia.

Castas viúvas as estrelas
Nos milênios siderais
Bruxuleiam como velas
De silêncio e nunca mais!

CORAL 01          Pires caravelas
                             Navegando o nunca mais

CORAL 02          É o rio que se retesa    
                             Pra dizer que nunca mais

Bruxuleando como velas
Em silêncio!...Nunca mais!


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