Panegírico


Panegírico em louvor a José Honório da Costa - 1856 - 20/05/1939.

Por: Luiz Carlos de Sousa.

Apresentado no dia 31 de outubro de 2017, às 15h00min, na Sede da ALP - Palhoça - SC.

“Os pequenos atos de cada dia fazem, ou desfazem, o caráter”.

 

 

(Oscar Wilde – 1854-1900)

Um discurso de caráter laudatório a um patrono não ligado à literatura jamais será vazio quando o homenageado deixou para seus pósteros o legado humanista de José Honório da Costa, patrono da cadeira número um desta Academia de Letras. Nascido em 1860[1] no município de Lages, quando o Brasil vivia a Guerra do Paraguai[2], faleceu em Palhoça em 1943, durante a Segunda Guerra Mundial. Seus restos mortais jazem no cemitério do Passa-Vinte, em Palhoça, ao lado da esposa, Alexandrina Ávila da Costa. Nas palavras do primeiro presidente desta Casa Literária ele é digno e merecedor de ser patrono de uma das quarenta cadeiras da Academia de Letras de Palhoça pelo perfil humanista que possuía. Foi, no seu tempo, um homem de destaque e de muita importância na região. Quando veio morar em Palhoça viu-se compromissado com o desenvolvimento econômico e social do município.

Integrado à sociedade pelo exemplo de trabalho honesto como comerciante e fazendeiro, o povo logo o convocou para ativamente participar da vida política da cidade. Foi um homem que esteve sempre à frente de seu tempo em decorrência de sua refinada inteligência, seu devotamento ao trabalho, sua férrea lealdade e seu espírito empreendedor. Desnecessário lembrar a importância social do empreendedor capitalista para a geração de emprego e renda numa sociedade. Foi um homem atento aos movimentos políticos do seu município. Por ocasião da instalação da comarca de Palhoça em 1906, em nome da Câmara de Vereadores (na época Conselho Municipal) proferiu um marcante discurso em homenagem ao evento. Instruído e culto o Coronel entendeu que o império no Brasil era uma página virada e se converteu num republicano convicto nos idos anos de 1889. Por isso, foi vereador e prefeito de Palhoça. E sendo o maior mandatário do município, seu perfil humanista foi posto à prova. De suas mãos saíram decretos reconhecidamente identificados com a marca do bem-estar social do seu povo.

Novamente invoco as palavras do meu antecessor nesta Academia de Letras para realçar suas palavras: “Pessoas com passado tão glorioso não podem ser esquecidas. Se outro mérito não tivesse para ser patrono de uma cadeira na Academia, teria sempre a gratidão dos filhos desta terra (nós mesmos), que sabem fazer justiça a quem bem merece”. José Honório da Costa possuía e vivenciou o espírito de sua época e dela granjeou respeito. Mas, foram os seus pequenos atos no dia-a-dia que construíram o seu caráter hoje enaltecido por esta Instituição de Letras.

[1] Mesmo ano do nascimento de Anton Pavlovitch Tchecov (Taganrog, 29 de janeiro de 1860 — Badenweiler, 15 de julho de 1904), foi um médico, dramaturgo e escritor russo, considerado um dos maiores contistas de todos os tempos.

[2] A Guerra do Paraguai foi o maior conflito armado internacional ocorrido na América do Sul. Foi travada entre o Paraguai e a Tríplice Aliança, composta pelo Brasil, Argentina e Uruguai. A guerra estendeu-se de dezembro de 1864 a março de 1870. Francisco Solano López, o ditador paraguaio, se opôs à invasão brasileira do Uruguai porque contrariava seus interesses.

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